Está nas manchetes dos jornais: A Noruega é o “país mais feliz do mundo”. As razões desse primado são fáceis de detectar. O país da Escandinávia é belíssimo, possui uma das geografias mais fascinantes de todo o planeta. É muito rico, graças sobretudo ao petróleo farto. É civilizado, seguro, culto, destituído de misérias e desigualdades sociais importantes. O paraíso e mais alguma coisa.
Apesar de toda essa felicidade, e como a querer provar pela enésima vez que, na face da Terra, a glória sempre se faz acompanhar pelo horror, uma outra notícia circula nestes dias a respeito da linda Noruega: O país mata mais baleias do que o Japão e a Islândia juntos. Para comer? Não. Para fazer ração para seus animais domésticos, cachorros e gatos, e para suas criações de animais de pelagem rara, visões, chinchilas, raposas, martas. Sim, pois a Noruega é tão rica que seus habitantes ainda podem se permitir o luxo de usar casacos de peles. E as peles que sobram são exportadas a peso de ouro.
A mesma notícia contem um detalhe de gelar o coração: a maioria das baleias caçadas e mortas é composta de fêmeas grávidas! Isso foi revelado num documentário exibido na semana passada na rede pública de televisão da Noruega NRK . O documento mostra que 90% de todas as baleias minke mortas anualmente em águas norueguesas são fêmeas, e “quase todas” estavam grávidas. A notícia provocou a reação de ativistas pelos direitos dos animais.
“A caça às baleias agora é ainda mais inaceitável”, disse Truls Gulowsen, diretor do Greenpeace no país “Por um lado por violar o banimento internacional e, por outro, por ser indefensável do ponto de vista do bem-estar animal caçá-las durante estágio avançado de gestação.”
A Noruega, que não se considera vinculada à moratória de caça às baleias assinada em 1986 é, ao lado da Islândia, um dos únicos países do mundo a autorizarem a caça comercial de baleias. O Japão, muito criticado pela atividade, oficialmente o faz apenas para fins científicos, apesar de grande parte da carne ir parar nos mercados…
O governo da Noruega argumenta que possui estoques suficientes para sustentar a caça, e autorizou neste ano a captura de 999 baleias, em comparação com a cota de 199 permitida no ano passado.
“É horrível saber que uma taxa tão alta de baleias mortas na Noruega são fêmeas grávidas”, disse a ONG suíça OceanCare, em comunicado. “Os caçadores estão não apenas matando esta, mas parte da próxima geração de baleias”.
No documentário, Dag Myklebust, capitão do navio baleeiro Kato, confirmou, mas minimizou o fato de grande parte dos animais serem fêmeas grávidas. “Nós temos uma abordagem profissional, então, não pensamos nisso. Caçamos e ponto final” — disse Myklebust, dizendo ainda que a gravidez é “um sinal de boa saúde”.
Logo abaixo, mostramos um infográfico exibido nesse documentário (em inglês):
A razão pela qual os caçadores preferem as baleias fêmeas grávidas? É que a gravidez em curso é, em si mesma, indício seguro de que o animal goza de boa saúde e a carne e a gordura são de boa qualidade, pois esses cetáceos normalmente não engravidam quando as condições das mães não são perfeitas. Em suma, uma garantia para os caçadores que, no entanto, pode custar muito caro ao ecossistema, uma vez que ao matar os melhores exemplares compromete-se de maneira irreversível a população de cetáceos nas águas do Norte.
Massacre inútil
Para piorar esse quadro de caça impiedosa, sobressai ainda o seu aspecto de total inutilidade. Quase ninguém mais consome carne e óleo de baleia, nem na Islândia, nem na Noruega, nem no Japão: só alguns turistas abestalhados que, às vezes, querem provar o gosto de uma baleia.
Um documento publicado pelas associações Environmental Investigation Agency e Animal Welfare Institute denuncia que, só em 2014, mais de 113 toneladas de carnes de cetáceos – o equivalente a cerca de 75 animais – foram compradas pela Rogaland Pelsdyrfôrlag, uma das empresas norueguesas especializadas na criação de animais de peles finas para a confecção de casacos.
Vídeo: Exibido na TV norueguesa na noite de 15 de março, o documentário Slaget om kvalen or Battle of Agony, mostra gráficos e cenas nas quais as baleias são cortadas e seus fetos removidos.
ILHAS FÉROE: A MATANÇA DAS BALEIAS PILOTO PROSSEGUE
Nessas ilhas do Mar do Norte, ligadas à Dinamarca como província autônoma, a crueldade dos homens para com as baleias é ainda mais terrível: a matança é feita com as próprias mãos e com facas de cozinha!
As Ilhas Féroe ou Ilhas Faroé são um território dependente da Dinamarca, localizado no Atlântico Norte entre a Escócia e a Islândia. Nelas ocorre, anualmente, um dos espetáculos mais deprimentes do mundo em matéria de matança de cetáceos indefesos. Abaixo reproduzimos um documentário bastante esclarecedor a respeito. É um tanto longo, mas aconselhamos sua visão por inteiro, para entendermos não apenas o que acontece mas também os argumentos usados pelos caçadores para perpetrar esse crime ambiental. Praticamente os mesmos argumentos que, desde sempre, são usados pelos amantes da “caça esportiva”.
Não existe muita agricultura nas Ilhas Féroe. Além das ovelhas que pastam livremente por entre os fiordes e alguns poucos vegetais, sobretudo raízes, os feroenses sempre dependeram do mar como fonte de peixe, aves marinhas, e as baleias piloto que eles caçam numa operação coletiva chamada grindadráp, ou simplesmente grind. Hoje, com os padrões de alto desenvolvimento reinante em todos os países escandinavos, não existe nenhuma necessidade de se matar baleias para saciar a fome. Trata-se apenas de uma tradição cultural cruel e sanguinária da qual os feroenses não querem abdicar.
Olharaninal.org
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