Mais uma vez a população de Natividade se vê às voltas com a sombra da possibilidade de fechamento de seu único hospital. O mais recente golpe à instituição filantrópica, aconteceu esta semana, depois que juíza do trabalho, Aline Souza Tinoco Gomes Melo, titular da Vara do Trabalho de Itaperuna, determinou para o próximo dia 28/03 às 11h, o leilão do imóvel pertencente à Associação Caixa dos Pobres de Natividade (mantenedora), localizado na Rua Dr. Renato Vieira da Silva, no Centro (beco do antigo P.U).
Trata-se do prédio – em péssimo estado de conservação – de dois pavimentos com 816m², terreno c/ 560m², que no passado já serviu para abrigar o precursor do atual e hoje é casa da Defesa Civil do Município.
A avaliação inicial é de R$ 800 mil, com lance mínimo de R$ 240 mil, valor de uma dívida trabalhista que a instituição teve de arcar por ter emprestado seu CNPJ à época para que a prefeitura contratasse servidores para as unidades de Saúde da família (PSFs). Vencido o prazo de vigência do acordo, o município nunca arcou com o passivo, que superou a casa de dois milhões, quantia negociada e que está sendo paga em parcelas mensais.
Contudo, a dívida que deu causa ao leilão do imóvel, segundo fontes ouvidas pela Rádio natividade, teria sido provocada por conta de uma ex-funcionária do PSF, que acionou a Justiça depois da celebração do acordo, cobrando seus direitos.
– Essa dívida trabalhista deixada no passado pela prefeitura, está sendo a principal responsável por inviabilizar o hospital, que mensalmente fecha com cerca de R$ 80 mil de prejuízo, – afirmou em recente entrevista à emissora, o presidente Tadeu Vargas.
Apesar do aporte financeiro de R$ 800 mil, recebido em julho passado, por conta de emenda parlamentar de relatoria da deputada federal Laura Carneiro – que na época colocou em dia salários atrasados – a situação dos servidores, voltou a ficar precária, em razão de débitos de 50% dos vencimentos de dezembro/2018 e 20% referente a fevereiro/2019. A principal razão para o desequilíbrio financeiro, apontam pessoas ligadas à cúpula da unidade, seria a defasagem da tabela SUS, paga por cada procedimento bancados pelos governos federal e municipal.
– Por uma cirurgia com toda a medicação e internação, o hospital recebe do SUS, cerca de R$ 300, independente de quantos dias o paciente fica sob nossos cuidados. Hoje o que prefeitura repassa por cada exame laboratorial, por exemplo, não chega a R$ 3, o que não cobre nem sequer a mão de obra dos profissionais. Estamos tentando há tempos dialogar com a prefeitura para atualização dos valores repassados, mas sem solução. Para se ter uma ideia, nem mesmo os médicos que dão plantão no P.U (convênio com a prefeitura), estão querendo trabalhar aqui, pois reclamam não receber em dia. Infelizmente, a continuar assim, temo fazer uma previsão nada otimista, de que nosso hospital, repito, persistindo esta situação, feche as portas até o final do mês, – destacou uma fonte que pediu para ter o nome preservado.
Membros do Conselho, teriam se reunido recentemente com o poder executivo, mas saíram do encontro desanimados.
Por Vanderson Garcia – Foto: Jornalismo/Rádio Natividade
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