Em grande entrevista ao programa espanhol da estação televisiva ‘La Sexta’, reproduzida pelo Diário de Notícias de Lisboa, Nicolás Maduro diz que Donald Trump “é maluco” e que a taxa de desemprego da Venezuela está “abaixo dos 6%”. O (ainda) presidente do país sul-americano diz que “nunca” vai iniciar uma guerra
03 FEV 2019 / 22:51 H.
Em entrevista ao programa Salvados, da estação de televisão espanhola ‘La Sexta’, emitido nesta noite de domingo, Nicolás Maduro, disse que não aceita ultimatos de ninguém, numa clara referência ao prazo dado por vários países da União Europeia, onde se inclui Portugal. O pedido terminava hoje, indicando assim que amanhã, segunda-feira, esses países vão reconhecer Juan Guaidó como legítimo presidente da Venezuela.
“Não aceitamos ultimatos de ninguém. É como se eu dissesse à União Europeia: ‘Dou-lhe sete dias para reconhecer a República da Catalunha’”, atirou Maduro ao jornalista catalão que guiou a entrevista, Jordi Évole, declarações essas que foram reproduzidas pelo Diário de Notícias de Lisboa.
“Porque é que a União Europeia tem que dizer a um país do Mundo que já fez eleições presidenciais para as voltar a repetir”, questionou de seguida Nicolás Maduro, dando a entender que vai resistir até às últimas consequências.
Em relação ao seu país, a Venezuela, o seu (ainda) presidente recusa convocar eleições presidenciais e remete novo sufrágio para 2024. Para além disso, Maduro afirma que “o que está a precisar a Venezuela é de umas eleições no Parlamento”, ou seja, o único órgão dominado pela oposição.
“Na Venezuela há um único presidente em exercício, que tem as faculdades e os poderes económicos, institucionais...”, atirou, dizendo que em 2015 a oposição ganhou uma eleição e que o regime tem “tentado conviver com esse Parlamento” mas que isso é “impossível”.
Críticas a Trump
Nicolás Maduro mostrou-se igualmente muito crítico ao presidente dos EUA, Donald Trump, apelidando-o de “maluco” e considerando mesmo que os norte-americanos converteram a Venezuela nos seus “inimigos número um”.
“A direita ganhou governos na América Latina e, infelizmente, alinharam-se de forma raivosa aos EUA”, frisou, alertando que a Venezuela não deve ser subestimada. “A pior alternativa é a guerra e nós nunca a iniciaremos”, disse Maduro à ‘La Sexta’, amenizando a situação referindo que “a Venezuela não vai ser um Vietname”.
“Nós acreditamos na diplomacia, no entendimento. Fiz mil propostas aos EUA, mas a supremacia branca despreza-nos”, acrescentou. “Todos os dias John Bolton diz-nos que a opção militar está sobre a mesa. Eu gosto de dizer, se queres a paz, prepara-te para a defender. Nós estamos a preparar-nos”, afirmou, acrescentando que “o povo está a armar-se do ponto de vista profissional, institucional e constitucional” caso surja “um conflito internacional”.
“Isto não vai acabar mal. Temos 20 anos de experiência de luta”, disparou o presidente venezuelano.
“Acho que estamos a falhar em muitas coisas”
Nesta entrevista, Nicolás Maduro assumiu-se como uma pessoa autocrítica. Disse que o seu governo é “responsável por muitas coisas que funcionam mal”, mas lança um dado novo para a mesa: o desemprego está “abaixo dos 6%” mesmo “na situação” em que se encontra o país, alerta, dizendo que muitos venezuelanos saíram do país “enganados”.
Mensagem para Guaidó
Jordi Évole, já bem perto do final da entrevista, mostrou tentar telefonar a Juan Guaidó à frente Maduro, mas o telefone estava, aparentemente, desligado. O presidente venezuelano preparava-se para deixar mensagem, mas a caixa de mensagens estava cheia. Ainda assim, endereçou uma mensagem a Guaidó.
“Que pense bem o que está a fazer, que é um homem jovem, que ainda lhe restam muitos anos de luta, que não faça mais danos ao país, que abandone a estratégia golpista. Que deixe de simular uma presidência que ninguém elegeu. E que se quer fazer algo, que se sente numa mesa de negociação, frente a frente”, desafiou.
Fonte: dnoticias.pt
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